TDAH – TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE
Por Maricélia Maciel
Professora Drª em Psicologia Comportamental Maria de Nazaré e Professor Doutorando em Psicanálise Roberto Santos.
A presente pesquisa bibliográfica pretende alertar quanto ao TDAH- Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade.
De acordo com o Neuropsiquiatra Paulo Matos, fundador da Associação Brasileira de Déficit de Atenção com Hiperatividade, trata-se de uma doença 80% genética e que se manifesta na criança, podendo evoluir para a fase adulta. O portador costuma ser desatento, esquecido, desorganizado, ansioso, com percepção sensorial e atemporal falha, falar demais e ter dificuldade para se concentrar. Segundo pesquisas, trata-se de um transtorno caracterizado pela clássica tríade de sintomas que inclui: falta de concentração, impulsividade e hiperatividade ou excesso de energia. Outro ponto, é que além da dificuldade na aprendizagem, o portador de TDAH enfrenta preconceito, muitas vezes dos próprios pais, e o despreparo de grande parte das escolas. “O mais importante é aprender a trabalhar a auto-estima das crianças porque elas costumam ser inseguras e se sentirem diminuídas por conta das dificuldades de possuem. Assim, de acordo com o site PSIQ Web o transtorno afeta cerca de 10% da população mundial. www.contrapauta.com.br
Os psiquiatras infantis franceses, veem o TDAH como uma condição médica que tem causas psico-sociais e situacionais. Em vez de tratar os problemas de concentração e de comportamento com drogas, os médicos franceses preferem avaliar o problema subjacente que está causando o sofrimento da criança, não o cérebro da criança, mas o contexto social da criança. Eles, então, optam por tratar o problema do contexto social subjacente com psicoterapia ou aconselhamento familiar. Esta é uma maneira muito diferente de ver as coisas, comparada à tendência americana de atribuir todos os sintomas de uma disfunção biológica a um desequilíbrio químico no cérebro da criança (Marilyn Wedge, PhD – 05.06.2013)
Para Druckerman, os pais franceses amam seus filhos, mas, têm uma filosofia diferente de disciplina. Limites aplicados de forma coerente, na visão francesa, fazem as crianças se sentirem seguras e protegidas. Limites claros, eles acreditam, fazem a criança se sentir mais feliz e mais segura, algo que é congruente com a minha própria experiência, como terapeuta e como mãe. Finalmente, os pais franceses acreditam que ouvir a palavra “não” resgata as crianças da “tirania de seus próprios desejos”. E a palmada, quando usada criteriosamente, não é considerada abuso na França.
Nos Estados Unidos, pelo menos 9% das crianças em idade escolar foram diagnosticadas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), e estão sendo tratadas com medicamentos.
Na França, a percentagem de crianças diagnosticadas e medicadas para o TDAH é inferior a 0,5%.
No Brasil, a doença é constatada 3,6% a 5% na população escolar, sendo 25% em crianças. Embora seja observado com mais frequência na infância, 66% das crianças continuam demonstrando os sintomas na adolescência. Estudos longetudinais têm demonstrado que o TDAH persiste na vida adulta de 60% a 70% dos casos (BARKLEY,2002), interferindo na vida acadêmica, profissional, afetiva e social . Dos 17 milhões de brasileiros com TDAH, apenas 30 mil pacientes estão em tratamento (acesso a internet 19.04.16 – BY TUDOTDAH março 18, 2015).
Na infância em geral se associa as dificuldades na escola e no relacionamento com as demais crianças, pais e professores. As crianças são tidas como “avoadas”, “no mundo da lua”. Ressaltamos que segundo pesquisas, os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos.
Nos adultos ocorrem problemas de desatenção para coisas do cotidiano e do trabalho, bem como com a memória “são muito esquecidos”. São inquietos, vivem mudando de uma coisa para outra e também são impulsivos. Freqüentemente considerados “egoístas” e ainda têm uma grande freqüência de outros problemas associados tais como o uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão.
OBS: Segundo Paulo Gonçalves especialista em Hiperatividade, a percentagem entre os sexos, parece não existir um consenso. Alguns estudos apontam para 80% do sexo masculino e 20%, outros apontam para que seja uma percentagem igual. Acredita num valor a rondar os 60% sexo masculino e 40% sexo feminino.
O Diagnóstico
O diagnóstico do TDAH é clinico, devendo ser feito por médicos especialistas no assunto, realizado com investigação ampla e profunda, não sendo plausível restringir-se o estudo aos psicopedagogos ou professores, já que sob o risco de levar a perigosas generalizações e precipitações de medicamentos. Para tanto, uma equipe interdisciplinar composta de:
- Neurologista
- Neuropsicólogo
- Psicólogo
- Psicopedagogo
- Fonoaudiologo
- Além da avaliação médica, a criança ou adolescente com TDAH deverá passar por uma avaliação psicopedagógica, que começa com uma entrevista inicial com os pais, onde eles trazem o motivo da consulta e a “queixa” principal, bem como falam um pouco sobre o histórico familiar do sujeito. Então, cabe ao psicopedagogo uma intervenção educativa ampla e consiste no processo de desenvolvimento do paciente, em suas diversas dimensões, tais como as afetivas, cognitivas, orgânica e psicossocial. “A avaliação psicopedagógica tem um papel central no diagnóstico da criança com TDAH, já que é no colégio que o problema tem maior expressão” (CONDERAMIN e colaboradores, 2006, pg. 60).
- Aos portadores de TDAH, ainda que sobre tratamento medicamentoso, se realmente necessário, é exigido o acompanhamento psicoterapêutico, devendo a escola estar presente com cumplicidade, de forma integral, durante todo processo. Ressalta-se que, a princípio, é a escola, a partir das dificuldades observadas, a competência para o primeiro encaminhamento ao diagnóstico/avaliação psicopedagógica, que poderá diferenciar fatores do aluno que o conduzam a outros encaminhamentos, mais específicos.