Detentos do Centro de Progressão Penitenciária de Belém (CPPB) e do Centro de Recuperação de Mosqueiro (CRMO) começaram na última segunda-feira (12) os trabalhos de manutenção, limpeza e roçagem nas seis centrais de abastecimento da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) que distribuem água para a Região Metropolitana de Belém. Com mais esse convênio, já chega a quase 500 o número de detentos que tem contratos de trabalho formal com instituições e empresas da iniciativa pública e privada no Estado.
Os internos começam a trabalhar às 8h e estendem a jornada até as 18h, com um intervalo para o almoço. Eles são remunerados com ¾ do salário mínimo, como previsto na Lei de Execuções Penais (LEP), além de auxilio-transporte e alimentação. Para cada três dias de trabalho, eles têm garantido um dia de remissão na pena.
Para Idevaldo Araújo Xavier, gerente de serviços gerais da Cosanpa, a parceria com a Susipe tem tudo para dar certo. “Pra gente esse projeto é uma novidade e ficamos felizes de poder ajudar essas pessoas a encontrarem um novo caminho na vida. Estamos dando todo o suporte que eles precisam para desenvolver as atividades e já percebemos que são pessoas comprometidas com o trabalho que fazem”, referendou.
O trabalho vai garantir não apenas renda e remissão de pena aos internos, mas também a volta ao mercado de trabalho, e para alguns até mesmo a primeira oportunidade de emprego. A Cosanpa fornece todo o Equipamento de Proteção Individual (EPI) necessário para a execução das atividades, assim como os materiais de limpeza.
“Eu me sinto muito feliz de estar trabalhando aqui, pois é uma nova oportunidade que eu tenho de mostrar que posso mudar, que posso fazer algo diferente da minha vida. Eu acho que qualquer tipo de trabalho dignifica o homem e no nosso caso ainda mais, pois é através disso que nós mostramos que apesar de termos cometido erros, estamos dispostos a seguir em frente fazendo o que é certo”, destaca Antônio Trindade, custodiado no CPPB.
O projeto ganhou o nome de “Acuaré”, uma variação da palavra aquarela, que pela da mistura da água às cores que gera múltiplos tons, numa metáfora às possibilidades que ele oferece ao preso que busca uma nova perspectiva de vida por meio do trabalho e renda. “Eu sou de Santa Isabel do Pará e dificilmente eu conseguiria um emprego aqui em Belém, então essa é uma grande oportunidade pra mim. Eu preciso principalmente mostrar para a minha família que eu mudei, que eu posso voltar a viver em sociedade sem fazer mal a ninguém”, declara Pedro dos Santos, custodiado no CRMO.
Para a coordenadora de Trabalho e Produção da Susipe, Izabel Ponçadilha, parcerias como essa são de extrema importância para o processo de reinserção. “Todos os nossos projetos tem o objetivo de reintegrar o preso à sociedade e sabemos que convênios como este representam uma grande oportunidade para que o preso volte a viver em sociedade e com dignidade”, afirma.
“Esse é 29º convênio que assinamos para oferta de trabalho à população privada de liberdade. Com as 23 vagas ofertadas pela Cosanpa nós vamos chegar à marca de 500 vagas, somente nos convênios entre instituições públicas e privadas. Somados aos demais postos de trabalho, já são cerca de dois mil presos trabalhando em todo sistema penitenciário”, concluiu o superintendente da Susipe, coronel André Cunha.
As empresas e instituições que quiserem se tornar parceiras da Susipe e disponibilizar vagas de trabalho por intermédio de convênios para uso de mão de obra carcerária podem obter mais informações pelo site www.susipe.pa.gov.br, no link “Seja nosso parceiro”, ou falar diretamente com a Gerência de Produção e Negócios da Susipe, pelos telefones (91) 3223-1401 / 3222-4231.
Por Timoteo Lopes