Conforme os dados divulgados durante a 6ª Assembleia das Nações Unidas para o Ambiente, o descarte irregular de resíduos na rede de esgoto é um problema global e quando associado aos atuais padrões de produção e consumo, deve influenciar no aumento de resíduos sólidos gerados, passando de 2,1 bilhões de toneladas ao ano para 3,8 bilhões, até 2050.
Nas cidades amazônicas, onde as quatro estações do ano podem ser resumidas a longos meses de chuvas diárias e intensas, seguidas por períodos de altas temperaturas, o cenário futuro aponta para a necessidade de novas atitudes em relação ao cuidado com o meio ambiente para que a mudança climática seja natural e segura.
A engenheira sanitarista, Flávia Farias atua na linha de frente do serviço de Coleta e Tratamento de Esgoto da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) e reforça o alerta diante da transição entre as estações climáticas amazônicas. “Seja no período de chuvas ou do calor intenso, o descarte correto de resíduos domésticos é fundamental para evitar o entupimento da rede coletora de esgoto doméstico e as consequências desse tipo de problema ao meio ambiente”, explica Flávia.
No ano passado, por meio do serviço de Coletora e Tratamento de Esgoto, a Cosanpa fez mais 40 mil desobstruções de tubulações de esgotamento sanitário instaladas em Belém e em Ananindeua, na Região Metropolitana. Em 2024, foram cerca de 1.640 no primeiro quadrimestre para a retirada de inúmeros tipos de resíduos domésticos acumulados, além de fraldas, recipientes de plástico, entulhos de obras e outros materiais.
Além das vias públicas, vasos sanitários e pias também não devem ser utilizados para descarte de resíduos, uma vez que o encanamento de residências não é preparado para receber esse tipo de material, principalmente plásticos e óleos que não se dissolvem na água. “Todo lixo residencial precisa descartado em sacolas apropriadas ou separado para destinação à reciclagem quando possível”, acrescenta Flávia.
Em relação ao óleo, quando descartado na rede coletora de esgoto doméstico, uma única gota do produto pode contaminar 20 litros de água, além do solo. Antes disso, quando resfriado, pode se acumular nas paredes dos encanamentos, bloqueando o fluxo de água e causando refluxo do esgoto. Atualmente, quatro ecopontos públicos, instalados pelo Governo do Estado, recebem óleo de cozinha e materiais recicláveis: Parque Urbano Porto Futuro, Parque Estadual do Utinga “Camillo Vianna” e Usinas da Paz da Cabanagem e do Icuí.
Geração de renda – Quando destinados à reciclagem, resíduos domésticos podem ser transformados em artesanato, cosméticos e outras fontes geradoras de renda. É o caso das garrafas pet e caixas de papelão que foram transformadas em bancos por moradoras do bairro Barreiro, em Belém, durante um curso ofertado pela Cosanpa, por meio da Assessoria de Programas Sociais.
Para a podóloga Sandra Sales que participou do curso e realizou o aprendizado como uma oportunidade de desenvolver novas habilidades e poder gerar uma renda familiar extra. “Estou com 61 anos, mas aqui nós temos mulheres de todas as idades que estão aprendendo novas técnicas e possibilidades de ganhar um dinheiro extra para suas casas”, conta Sandra.
Serviço – A solicitação para desobstrução ou interligação de rede coletora de esgoto pode ser feita nos pontos de atendimento presencial e canais 24 horas, da Companhia de Saneamento do Pará: 0800 0195 195 (chamadas), 91 3122 7194 (WhatsApp) ou chat online em www.cosanpa.pa.gov.br