Parte de Belém ficará sem água por 48h para consertar adutora e evitar colapso

A adutora da Estação Bolonha, a mais importante do sistema de distribuição de água da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), está com um vazamento grave que só pode ser contido com a substituição da parte danificada por uma nova peça. O vazamento decorre do fenômeno de acomodação das terras alagadas sobre as quais a adutora está assentada, no Parque do Utinga.

O conserto é um serviço delicado. Se não for feito logo, o problema se agrava, com risco de rompimento da grande tubulação, o que implica em enormes prejuízos, muitos danos para o sistema e transtornos ainda maiores para a população. “A obra é inevitável e, infelizmente, demorada. Mas sem ela corremos o risco de um colapso em parte da distribuição”, explica Fernando José Martins, diretor de expansão e tecnologia da Cosanpa.

O vazamento foi detectado na segunda quinzena de dezembro. Imediatamente, a Cosanpa providenciou os reparos de contenção. Mas uma análise técnica revelou que era preciso uma intervenção maior para evitar o rompimento. “Não é como vedar o vazamento de uma tubulação doméstica, ou trocar uma torneira que fica pingando o tempo todo”, compara Fernando. “Estamos falando da maior adutora de Belém, por onde passam 13,5 milhões de litros d’água por hora”, adverte.

A adutora é o caminho das águas. Leva o produto captado nos mananciais e tratado na Estação Bolonha até a Estação São Brás, onde se conecta com os dutos que distribuem essa água para seis setores, responsáveis pelo abastecimento de 168 mil pontos de consumo, em 18 bairros. “Essa adutora é a origem da distribuição de água para 850 mil pessoas”, destaca Fernando Martins.

CRONOGRAMA – É a grandeza da adutora, e sua importância no sistema, que torna a obra mais demorada. O prazo foi encurtado o máximo possível com a adoção de um cronograma que prevê serviços preliminares, que já estão sendo feitos sem interromper o fluxo da água, e uma etapa intensiva, com trabalho ininterrupto, no período em que for necessária a suspensão do sistema.

A obra começou com a preparação do terreno onde está assentada a adutora, com a fabricação da peça reserva que vai substituir a seção danificada e fazer a contenção preliminar do vazamento. A partir das 21 horas de sexta-feira (20), os operários vão cortar a adutora em dois pontos, retirar um trecho de 3 metros, colocar a peça substituta e soldá-la, além de reforçar a estrutura remanescente.

“Este serviço tem de ser feito com a área isolada e seca, e envolve cerca de 30 pessoas. Os operários vão seccioná-la. Depois, vão operar de fora, com guindastes e monitoramento, para a instalação da peça substituta, que tem três metros de extensão, um metro e meio de diâmetro e pesa quase duas toneladas”, detalha o diretor.

“Em seguida, duas equipes com quatro soldadores vão se revezar na soldagem pelo interior e por fora da adutora para agilizar o serviço. Esse trabalho que precisa ser feito sem interrupção, demora cerca de 20 horas”, revela. “Ainda é preciso reforçar a estrutura por fora, com a instalação de cintas de proteção que a estabilizam, para não haver rompimentos futuros. Só então a água será religada”, detalha.

Fernando esclarece que, mesmo depois que o sistema for restaurado, é preciso controlar a vazão da água. “É uma adutora de um metro e meio de diâmetro. A água tem que ser liberada aos poucos, até preencher todo o tubo e ganhar a pressão necessária para a distribuição ser recomposta. São pelo menos seis horas somente neste processo”, calcula. “Por isso, alguns bairros acabam recebendo a água antes dos outros. Mas, com certeza, na segunda-feira (23) pela manhã, todo o sistema estará normalizado”, garante Fernando.

CARROS-PIPA – A Cosanpa reconhece que o serviço provoca transtornos, mas lembra que a obra é necessária para evitar o pior. A companhia recomenda que a população se previna, armazenando água e reduzindo o consumo na sexta-feira.

Os locais onde a falta dágua pode gerar riscos, como os hospitais, serão abastecidos por carros-pipa operados pela Defesa Civil. Serviços como a hemodiálise, por exemplo, não serão paralisados. Lugares de grande concentração de pessoas também entram na rota alternativa, bem como conjuntos habitacionais a serem definidos pela companhia.

Com a estação desligada, das 21h de sexta às 21h de domingo, ficam sem água, total ou parcialmente, 21 bairros: Guamá, Condor e Cremação, São Brás, Canudos, Fátima, parte do Marco, Terra Firme, Jurunas, parte de Batista Campos, Pedreira, Telégrafo, Barreiro, Sacramenta, Marambaia, Castanheira, parte de Jaderlândia, Atalaia, Guanabara, parte do Coqueiro e parte da Cidade Nova.

“A Cosanpa lamenta o transtorno, mas pede a compreensão da população. Nosso objetivo é evitar um mal maior. Para isso, estamos nos comunicando com a sociedade da forma mais transparente possível, para que tudo volte rapidamente à normalidade”, acrescenta Fernando Martins.

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