PRECARIEDADE E PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO
Para Geovanni (2007) o processo de precarização e do precário mundo do trabalho são traços do novo sócio-metabolismo do capital nas condições da mundialização financeira. Isso vai atingir tanto países capitalistas centrais, como países periféricos, como o Brasil.
O autor chama a atenção para a principal forma histórica de precariedade social o trabalho assalariado que predomina nas sociedades burguesas – desde o séc XVI o capitalismo moderno têm ampliado as condições de precariedade social de homens e mulheres despossuídos da propriedade dos meios de produção da vida material (aqueles que não possuem bens vivem da força de trabalho).
Para Giovanni, precariedade é uma condição sócio-estrutural que caracteriza o trabalho vivo e a força de trabalho como mercadoria, atingindo aqueles que são desprovidos do controle dos meios de produção das condições objetivas (diz respeito ao sujeito) e subjetivas (diz respeito ao instrumento de trabalho que este sujeito utiliza) da vida social com a constituição da força de trabalho como mercadoria, o trabalho vivo carrega o estigma de precariedade social.
- OBS: é aquele trabalho que vai se renovando no processo de produção, ou seja, tecnologias novas pra aumentar o lucro e melhorar os meios de produção sendo que, o salário do trabalhador não acompanha o mesmo nível dos meios de produção.
Se a precariedade é uma condição, a precarização é um processo que possui uma remediável dimensão histórica determinada pela luta de classe e pela correlação de forças políticas entre capital e trabalho – Sindicatos e partidos trabalhistas são instituições de defesa do mundo do trabalho contra o poder das coisas. O que o autor considera de processo de precarização do trabalho é o processo de diluição do trabalho, dos obstáculos constituídos pela luta de classe à veracidade do capital no decorrer do séc XX. A precarização possui um sentido de perda de direitos acumulados o decorrer de anos pelas mais diversas categorias de assalariados. E ainda, é síntese concreta de luta de classes e da correlação de forças políticas entre o capital e o trabalho. “Atinge o núcleo organizado do mundo do trabalho que conseguiu instituir, a partir da luta política e social de classe, alguma forma de controle sobre suas condições de existência através de mediações jurídico-politicas”.
PRECARIZAÇÃO E INDUSTRIALIZAÇÃO UNIVERSAL
Ao dizermos “Sociedade Industrial” queremos dizer sociedade humana baseada e estruturada pela forma-mercadoria, produto da produção industrial baseada na produção de valor, base da acumulação de capital. A produção industrial de mercadorias se baseia na exploração da força de trabalho e no trabalho estanhado (pg. 135).
Geovanni destaca uma entrevista com a analista Laura Kipnis para a revista Veja e 19 de maio de 2004 , intitulado “Contra o Amor”, constata que cada vez mais a linguagem da fábrica penetra na linguagem do amor. Diz ela: “Impresciona como a retórica da fábrica está se tornando a linguagem do amor. Enfim, o que Laura Kipnis expõe é a disseminação da lógica do trabalho abstrata em instâncias da vida social outrora recalcitrantes à lógica da forma-mercadoria (pg 136).
A PRECARIZAÇÃO DA SUBJETIVIDADE DO TRABALHO OU O PROLETARIADO-MASCATE
Um dos traços do inegável, do precário mundo do trabalho no sec XXI, é a disseminação das implicações laborais de cariz mercantil com o surgimento de um contingente imenso de trabalhadores vendedores de mercadorias e, portanto, imersos. Assim, surge o que poderias denominar de proletariado-mascate, um imenso contingente de trabalhadores assalariados vendedores de mercadorias e prestadores de serviços como mercadorias dos mais diversos tipos. Para Geovanni, o vendedor de mercadorias ou representante comercial aparece diante de nós, presencialmente e virtualmente, por meio as novas tecnologias de informação e comunicação.
Geovanni, nos diz que a nova precariedade do mundo do trabalho é a constituição do proletario-mascate, vincula-se as múltiplas determinações no campo da lógica organizacional (o toyotismo) ou da lógica sistêmica, com sua crise de superprodução e subconsumo endêmico.
Devido à terceirização, muitos operários e empregados tornaram-se meros “prestadores de serviços”. Sob a alcunha de “trabalhadores autônomos”, são verdadeiros proletariados-mascates, reproduzindo o que Francisco Oliveira alcunhou como trabalho abstrato virtual. É o caso, por exemplo, dos camelôs e dos trabalhadores que vedem novos serviços que surgem das necessidades sociais supérfluas originarias do capitalismo desenvolvido.
Giovanni chama atenção para o trabalhador bancário que se tornou um executivo de vendas de produtos financeiros do banco. Essa atividade cotidiana recorrente tende a comprometer a subjetividade do trabalho vivo. Para finalizar, o autor fala que o trabalhador assalariado ou proletário que se diz “prestador de serviço” está imerso na lógica do produto-mercadoria.
Trabalho apresentado na UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
DIMENSÕES DA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA
Ensaios de Sociologia do Trabalho
DISCIPLINA: Sociologia do Trabalho
PROFESSORA: Maria Angélica Alberto
ALUNAS: Maricélia Maciel e Pamela / Mestrado – especial
DATA: 05 de novembro de 2010
Alves, Giovanni. Dimensões da Reestruturação Produtiva: Ensaios de Sociologia do Trabalho / Giovanni Alves. 2ª edição – Londrina: Práxis, Bauru: Canal 6, 2007