Coletar dejetos da rede de esgotamento sanitário de residências; tratá-los com um moderno sistema sanitário de filtragem de resíduos sólidos; e devolver água limpa à natureza. Esse é o tripé que constitui um dos mais novos e ousados projetos voltados ao saneamento básico e que foi transformado em realidade pela Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), com a construção da Estação de Tratamento de Esgoto Sanitário (ETE) em Marabá.
A primeira etapa do empreendimento custou mais de 117 milhões de reais, parte com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), através de empréstimo junto ao FGTS no valor de 78,20 milhões, e mais 38,97 milhões do Orçamento direto do Tesouro do Estado do Pará.
A Estação de Tratamento de Esgoto do município tem capacidade para atendimento de 86.000 habitantes, em uma estrutura com 368,75m² de área construída. Nesta primeira etapa foram instalados 35,85 quilômetros de rede coletora, onde estão previstas 1.958 ligações intradomiciliares de esgoto, que deve atender 8.662 habitantes. Com a implantação total das ligações estima-se que 18,7 mil habitantes sejam contemplados com o serviço de coleta das três estações elevatórias dos efluentes já instaladas, cada uma com grupo gerador de energia próprio, o que evitará interrupção do processo, caso ocorra queda repentina de energia.
Saneamento – A limpeza do esgotamento sanitário de Marabá será constituída por três fases básicas: primeiro coleta-se os resíduos in natura das residências, a partir das redes coletoras, e separam-se as substâncias sólidas das líquidas; o segundo passo, denominado Digestor Anaeróbico de Fluxo Ascendente (DAFA), trata as substâncias separadas no processo anterior com o auxílio de bactérias anaeróbicas, que limpam a água por meio de um processo químico; por fim, a água limpa vai para uma calha e é devolvida ao efluente com aproximadamente 90% de pureza.
É importante deixar claro que esta estação vai produzir resíduos como o lodo, que poderá ser aproveitado como fertilizante orgânico por empresas de fertilização ou projetos voltados à agricultura. Todo o tratamento do efluente também produz gás metano, que será captado e armazenado numa estação de biogás. No início, como a produção ainda será pequena, esse gás será queimado na atmosfera, mas futuramente poderá ser reutilizado na produção de energia renovável, quem sabe até beneficiando escolas ou as comunidades localizadas no entorno da ETE. “É uma obra moderna, que traz no seu bojo toda uma concepção sustentável”, informou o presidente da Cosanpa, Cláudio Conde.
A construção já está pronta e a fase agora é de implantação das ligações intradomiciliares. Alguns bairros beneficiados são Amapá, Novo Horizonte e todo o núcleo da Nova Marabá, o que representa a maior cobertura de esgoto do estado.
Os agentes sociais da Cosanpa estão indo de casa em casa, fazendo a adesão do consumidor de água ao serviço de coleta de esgoto. Em seguida, profissionais de uma empresa contratada pela companhia fazem a ligação. O cálculo da taxa de esgoto é feito com base na conta de água, cobra-se 60% do valor da tarifa de água. Por exemplo, se uma residência consome até 10 metros cúbicos de água, ela paga R$19,70, acrescida a taxa de esgoto a conta ficaria R$ 31,52, porque o valor da tarifa de esgoto seria R$ 11,82. “As primeiras 1.958 instalações de esgoto sanitário dentro das residências, chamadas intradomiciliares, serão gratuitas para os clientes”, destaca o diretor de expansão e tecnologia da Cosanpa, Fernando Martins.
“A grande vantagem para o cliente aderir à rede de esgoto da companhia de saneamento é que ele delega a responsabilidade por transportar pela tubulação e de forma adequada os dejetos produzidos em sua residência. O consumidor ainda contribui para que esse dejeto não contamine o rio Tocantins, principal manancial de Marabá”, explica o gerente de produtos e serviços da Cosanpa, Edson Cardoso.
Por Andrea Cunha